Na iminência da distância surge o medo. Medo de, longe, o desejo se sobrepor ao sentimento sem carne e pôr a perder na própria consciência toda a lealdade prometida e gradualmente observada. Medo de deixar-se envolver pela segurança que a distância proporciona, fazendo valer aquele tal ditado sobre olhos, coração e sentimento. Medo que se exterioriza na forma de ciúme e se acanha com a firmeza da confiança. Quando longe, palavras são gestos. Não se pode beijar com a boca, abraçar o corpo inteiro ou entrelaçar as mãos. Fica ali, no pensamento que tenta traduzir tudo em palavras.
Eu quero meu corpo colado ao teu. Quero sentir minha pele arrepiar e o coração numa aceleração estranhamente pausada, exteriorizada pela respiração ofegante e pelo corpo inquieto, contorcendo-se como água de mar. Diferentes ondas – de calor – revigorando o desejo adormecido de dividir com outra pessoa um espaço na cama que há muito era só meu. Quero te jogar em cima dela e, ao contrário dos contos de fada, ser beijado para de príncipe virar o ser feroz que te deseja por inteiro sem pudor.
Quero teu corpo colado ao meu. Ver no arrepio da tua pele a expressão de que você quer tanto quando eu fazer da parede o ponto de partida para uma viagem orgástica enquanto descobrimos juntos a intensidade sensitiva dos nossos corpos. Quero morder teus lábios e ter a nunca instigada pelo leve afago da tua respiração. Quero ver estrelas no teto do quarto, dividindo contigo a existência de constelações que são só nossas, por descoberta ou criação.
Quero meu corpo colado no teu e teu corpo colado no meu, mas te quero além do desejo. Quero nossos corpos colados, de forma que, após dar vazão à nossa natureza animal, permaneçam assim até que adormeçamos juntos. E que sejamos tão intensos no encontro das mãos com o resto do corpo quanto calorosos enquanto abraçados depois do gozo. Só estando além do desejo será possível que as estrelas no teto permaneçam lá mesmo depois que retornarmos da nossa viagem ao espaço.
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