domingo, 3 de janeiro de 2016

O mosqueteiro


Hoje um garoto me surpreendeu, veja só, que beleza! Mais novo que eu me fazendo pensar sobre a época dele - quando minha - e o quanto aquilo poderia ter feito sentido e muitas outras coisas que deveriam ter sido feitas nessa época que, ao ouví-lo, fiquei feliz por ser ainda a época dele. Esse garoto, talvez um homem, vai saber, bateu na minha cara quando esbravejou quase silenciosamente que o nosso maior poder é o tal querer que tão preconceituosamente diminuímos perante o outro.

"Assim como tudo na minha vida. Eu até gosto de ficar bêbado, mas não gosto de beber. Não tenho vontade de beber, não quero beber, oras..." ele disse e riu satisfeito. Um independente da própria independência, eu ri. Era fantástico pensar sobre aquilo enquanto ouvia sobre um telescópio que, mais que as estrelas, me faziam enxergar o universo aqui de dentro, tão cheio de poder e com receio de querer. Um garoto, veja só que beleza.

Tem dias que esse garoto apareceu, é verdade. E tem dias que ele traz, a cada vinda, uma ideia sem ineditismo, mas antes um significado sem signo, um pensamento ainda não traduzido. Foi assim com aquela ideia do outro dia que escrever tem que ser divertido. "Escrever é diversão, cara" eu sabia, mas só sabia dizer que a inspiração me faltava sem um exato por quê para justificar.

Um dia após o outro, tal qual fora o ano que passou desejei pro ano a passar. Num desses dias, veja só que beleza, o garoto de uma época minha que já foi veio, sem querer, lembrar-me que não findam as épocas quando duas diferentes se encontram. Um garoto de época outra encontrando esse garoto de época outra, que se fazem a mesma porque, ele disse oras, querer é poder até quando eu não quero poder.

São outras épocas, eu quero acreditar. "Seis anos não é nada" ele disse dois dias antes de justificar tal afirmação. Basta querer, afinal. Veio esse garoto, tem dias, me contar causos corriqueiros da vida só pra mostrar que, tão simples quanto querer e poder, está mesmo o viver. Viver bem, ele disse nas entrelinhas do que me dizia e eu precisava escutar: viver bem, e bem consigo mesmo.

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