quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Cafuné

 

Você sorri com os dedos enquanto eu acaricio teus cabelos num vai e vem desgovernado, que minhas mãos não conseguem controlar velocidade e direção ao mesmo tempo, porque é mais ou menos isso que encostar na tua pele faz comigo aqui dentro: distrai, descontrola, apaixona. Você sorri e eu te amo, mas me apaixono ainda mais por você.

Uma das mãos no volante e outra indo à nuca e ao pé da orelha, que não são minhas, mas, sendo suas, a mim são entregues com a confiança que só tens em ti, e com a qual sorri de olhos fechados, só com o balançar da cabeça. O automóvel controlado é oposto ao que bate no meu interior à esquerda, tão longe de você: coração descontrolado, distraído, apaixonado.

Ruas movimentadas, envoltas no silêncio, desertas ou iluminadas; vira à esquerda, cruza, vira à direita ou arrisca o amarelo pra testar a atenção. Assim também se passaram os últimos anos e eu bem me lembro de como me foi arriscado desafiar tua atenção quando levei minhas mãos ao aconchego dos teus cabelos a primeira vez.

Coração acelerado, energizado pelo tocar na tua pele que meus dedos arriscam ao deslizar até o pescoço. É sempre uma primeira vez o jeito que você me faz sentir e - talvez as pessoas não saibam - é tão difícil pra mim quanto pro resto do mundo entender o porquê de ser sua a única pele capaz de me distrair, me descontrolar, me fazer apaixonar-se cada vez mais assim.

Eu te amo tem tempo. E é o amor que mantém em mim a serenidade quando ao volante estão minhas duas mãos, como todo o meu corpo a sentir falta da tua companhia. É o amor que, dentre todas as loucuras do mundo, se fez em mim a mais sã, para que eu pudesse hoje entender, ao te ver sorrindo com os dedos, que não existe tempo a se contar do quanto por ti eu sou apaixonado.

Eu me apaixono por você todos os dias. Se não é um calafrio inesperado, é teu jeito de dobrar os dedos da mão entre a cabeça e a almofada; se não é a surpresa de querer ser minha companhia, é querer a mim como sua companhia; se não é o abraço carinhoso na despedida, é o abraço carinhoso na chegada, e por aí vai: me distraindo, descontrolando e eu cada vez mais me apaixonando.

Não me importa - o que, por si só, devia ser motivo suficiente pro resto do mundo não se importar - entender o porquê da tua pele ser a única capaz de me fazer sentir assim. O fato é que, você e suas primeiras vezes, é a primeira vez que estar apaixonado me importa muito mais que ser feliz pra sempre no amor. A vida não é um conto de fadas, afinal.

Eu vejo sorrisos onde outros julgam não existir. Enxergo esperança até que a chama da vida tenha se apagado. Prefiro ler gestos a ouvir palavras ensaiadas e, exercitando diariamente, espero um dia me ver livre de todos os preconceitos. E pode ser que nunca mais eu me distraia, quiçá um dia eu perca tudo, menos controle. Não sendo a vida um conto de fadas, tenho você pra minha encantar.

Eu te amo tem tempo. Quando você me distrai é o amor que chama de volta minha atenção. Quando você me faz perder o controle, é do amor que extraio forças pra retomar a direação. E quando eu me apaixono por você, é amor o que sustenta nossa falta de perfeição. Eu te amo tem tempo. E não canso de me apaixonar por você todos os dias.

Um comentário:

  1. Oi, Artur. Sou eu (Roi). Você sempre dava uma olhada no meu blog e comentava. Zapeando pelas minhas postagens antigas, achei seu blog e vim dar uma olhada. Parabéns pelo texto! Estou numa fase dessas! Extremamente apaixonado. Adorei o texto. Continue escrevendo!

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