quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Dentro de nós


Lembrei de quando tinha essa idade. Me senti menino de novo. Peter-pan, se quiser encantar. Sorri como há muito não sorria e brinquei como há muito tentava brincar. Senti saudade de um naquele momento. Um saudosismo, digamos assim, porque foi quando o conheci. Talvez tenha sido isso o que me levou a, tão de repente, querer ligar e pedir pra tentar de novo. E depois, quando vivi a liberdade de não ter que me explicar, esqueci de novo o que não deveria lembrar.

Com os dias fui empilhando tijolos. Comecei a construir uma nova casa. Ainda está na base, mas com o tempo ela toma forma. E é melhor que demore para que eu possa saber onde colocar as colunas que vão sustentá-la. Afinal para ter segurança é necessário que haja um bom teto, que não desabe em qualquer tempestade. Uns são tijolos, outros cimento, e assim a complementação vai acontecendo. Estou feliz por enquanto com as coisas como estão.

E nos reencontros da vida, as conversas corriqueiras, as brincadeiras de casinha, onde você cozinha enquanto eu lavo a louça. Vamos jogar como adultos, lembrando os tempos de criança. Ou de adolescente, quem sabe. Somos todos cúmplices, afinal. Porque aqui não há segredos. Somos livros abertos entre nós mesmos. Nossa própria biblioteca. Tarda e vão embora, mas deixando o sintoma de saudade que não precisa ser ruim. Daqui a pouco a gente se encontra de novo.

O parquinho que transforma a roda. Estamos juntos, encurralados entre fumaça e devaneios por vezes absurdos. Mas há um encantamento aí, meio imperceptível. Recebo elogios, adentro brincadeiras e assim vou levando, seguindo a vida, do jeito que aprendi nos últimos dias: deixo o muro levantado com uma escada do lado. Quem quiser subir está convidado. E assim tem acontecido, sutilmente ou não. Pode brincar à vontade, mas saiba que tem uma hora que você pode se encantar comigo e não querer mais largar. Nessa hora talvez eu já tenha largado você.

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