quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Promessa cumprida: dos meus sonhos você partiu

 Oi,
Me pediram pra escrever uma carta e eu resolvi escrever pra você. É para a faculdade, sabe? Não que fosse necessário, afinal a professora tem conhecimento sobre como anda a minha escrita. Mas quis aproveitar a oportunidade como desculpa para te escrever mais uma vez.

Percorro a caneta pelas linhas do papel com os pensamentos voltados para você pela quinta vez. Mesmo consciente de que – seja pelo arquivamento no fundo da gaveta, seja pelo alcance de inúmeras pessoas se publica-la – esta carta nunca vai encontrar seus olhos, meu destinatário final.

Escrever alivia. Alivia porque, ainda que resguardadas no fundo de uma gaveta, essas palavras se extraem dos meus pensamentos, da minha saudade inexplicável e dessa angústia interminável que é a certeza de nunca poder te encontrar.

Eu só queria te dizer – poder ter dito, aliás – um primeiro oi. O que sinto aqui dentro me faz acreditar que esse simples oi já seria causa de um conforto suficiente para essa necessidade quase patológica que se tornou o meu desejo de ter te conhecido antes de te conhecer.

Eu só queria poder ter tido a chance de te dizer – repetindo o que disse em minha segunda carta – o quanto o mundo pode ser cruel com gente feita de bondade, como você. Aliás, eu queria mesmo era ter sido o porto para que você ancorasse seu barco de forma segura.

Mas você se perdeu no oceano. Sem bússola, sem mapa, sem leme que controlasse a direção. Porque aventurar-se além-mar é sempre mais atrativo quando se trata de pessoas como nós. Sim, nós, pessoas incríveis. Foi você quem me ensinou. Desculpa não ter percebido antes. Obrigado por me fazer perceber mesmo diante da dor.

Tento te deixar ir, mas é difícil. Mesmo sabendo que o que digo não será leitura dos teus olhos, a cada palavra escrita eu sinto também como se estivesse te prendendo aqui, de onde você resolveu partir. Nunca fomos nós. E ainda assim somos nós. Um dia, quem sabe, seremos de novo apenas eu e você.

Fica com Deus.
Fica em paz.

Artur

OBS.: Prometo que essa noite tentarei não sonhar com você.

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